ENTRETENIMENTO

confira o que disse Rodrigo Capita em entrevista exclusiva – LNF

Rodrigo é o capitão do Magnus, uma das principais equipes do futsal no Brasil.
| Foto: Guilherme Mansueto

Dono de um dos chutes mais potentes da história do futsal, Rodrigo Capita não é só um dos grandes nomes da modalidade dentro das quadras, como também fora delas. Fixo do Magnus, ídolo da ACBF e multicampeão pela seleção brasileira, o jogador anunciou no começo do ano que esta seria a sua última temporada no esporte. Pois bem, o caminho não é mais tão certo como lá em janeiro.

Aos 41 anos, Rodrigo não demonstra um declínio físico e vive temporada de alto nível, que ele mesmo nem acreditava que seria possível. Em 57 jogos pelo clube paulista no ano, são 48 gols marcados, uma média que chega próxima de uma bola na rede por partida.

 
 
   

Em 2025, o Magnus foi vice-campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. Na Liga Nacional de Futsal, o time foi eliminado nas quartas de final para o rival Corinthians, na prorrogação. O jogo, em teoria, marcou a despedida do experiente jogador da principal competição do país. A questão é que ele já não fala mais com tanta certeza sobre a parada e deixa em aberto outra temporada pelo Cachorrão.

Em entrevista exclusiva a Zero Hora, Rodrigo Capita ainda comentou sobre o desejo de seguir na área da comunicação após o fim da carreira, o atual momento do futsal brasileiro e os impactos da Kings League na modalidade da bola pesada.

Jogador vive temporada artilheira e pode adiar aposentadoria para o próximo ano.
| Foto: Guilherme Mansueto

“Querem que eu jogue mais uma temporada”
No jogo frenético contra o Corinthians, vencido pelo Magnus por 5 a 3 no tempo normal, mas que teve derrota na prorrogação por 2 a 1, Rodrigo chegou a marcar um golaço no tempo normal, de trás do meio da quadra. Veja o vídeo abaixo.

— Eu não esperava um ano desses. Eu esperava fazer um grande ano, mas não esperava números tão bizarros assim, de quase um gol por jogo, é muita coisa — disse o jogador.

O clube de Sorocaba ainda disputa o Campeonato Paulista e está nas semifinais. Na ida, venceu o Santo André fora de casa, e agora depende de um empate para chegar à decisão, que terá provavelmente o Corinthians, que venceu o Pinda Futsal no primeiro jogo.

Depois do término da competição, Capita irá dar o veredito sobre a continuidade ou não de sua carreira. O fato é que já existem conversas para uma sequência em 2026, principalmente após o bom desempenho apresentado neste ano. Tanto os torcedores do Magnus quanto à comunidade do futsal em geral torcem por mais um ano do fixo nas quadras.

— Existe uma conversa. A gente está conversando com os patrocinadores, os patrocinadores da equipe querem que eu jogue mais uma temporada. Tem muita coisa que está acontecendo na minha vida, o pós-carreira também, algumas oportunidades estão aparecendo — explicou.

Rodrigo atua comentando jogos no Grupo Globo desde 2023.
| Foto: Kamila França

Das quadras para os estúdios

Não é muito difícil imaginar o caminho que Rodrigo pensa em seguir quando se aposentar do futsal. Há alguns anos ele descobriu na comunicação um caminho que lhe atrai, principalmente como comentarista esportivo. No Grupo Globo, já participou de transmissões da Liga Nacional de Futsal e da Copa do Mundo da modalidade, que foi disputada em 2024. Ele também chegou a ter um quadro de análises da rodada da LNF na Cazé TV.

Vale destacar que Rodrigo já trabalha há algum tempo como influenciador digital e soma mais de 1 milhão de seguidores e uma rede social. Por lá, traz detalhes do seu dia a dia como atleta, mas também comenta lances tanto do futsal quanto do futebol, esporte que também é apaixonado.

— Eu quero trabalhar na área de comunicação, eu acho que é uma área legal. Algumas outras portas estão aparecendo, eu estou vendo da melhor maneira possível. Não foi fácil essa minha entrada no mundo digital, de influenciador, até porque poucas pessoas entendem que você quer fomentar o esporte, não quer falar de você, você não se acha mais do que ninguém, você quer apenas fomentar, fazer com que as pessoas olhem pra você e olhem para o seu esporte, o esporte que você ama — explicou Capita, que ainda brincou sobre a possibilidade de ser treinador:

— Mas de treinador, essas coisas, eu estou fora, jamais como treinador.

São 938 gols na carreira, 46 títulos, com destaque para quatro Mundiais de Clubes, três Libertadores, três Ligas Nacionais, além da Copa do Mundo de 2012 com a seleção. Na ACBF foram sete temporadas, enquanto no Magnus o número já chega a 12.

Pelo histórico das quadras, é simples entender que Rodrigo tem propriedade para falar sobre o futsal no Brasil. O atleta garante que o momento do esporte no país poderia ser melhor. Ele cita que a modalidade perdeu prestígio nos últimos anos muito em função dos conflitos entre Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) e Liga Nacional de Futsal. Da mesma forma, lembra que os jogadores de hoje precisam ser mais ativos no fomento do futsal.

— O jogador de hoje quer trabalhar as duas horas da manhã, as duas horas da tarde, receber o dele e pronto. Se não está bom aqui, eu vou para ali, e vida que segue, ninguém pensa no esporte em si. Isso não é de agora, sempre foi, há muito tempo. Eu acho que tem muitos atletas que têm medo de falar, dar opinião — lembrou Capita.

O fixo atribui a “falta de atitude” dos novos talentos à forma como a atual geração costuma se comportar. Ele lembra que quando estava no começo de carreira era mais difícil que um jovem fosse escalado para partidas com o elenco profissional, fato que não se repete atualmente. Sobre encontrar novos jogadores capazes de unir o talento com a liderança, Rodrigo não parece muito empolgado.

— Eu acho que vai ser mais difícil ainda. Um dos motivos que a maioria fala para eu continuar é por causa dessa coisa de liderança, essa voz ativa, voz presente. Até no meu time é difícil achar líderes, achar pessoas que brigam com o diretor, brigam com o treinador, no bom sentido, para fazer o negócio acontecer. Eu brigo aqui diariamente com o meu diretor, com o meu presidente. Eu quero que a quadra melhore, eu quero que tudo melhore. Eu quero sempre do bom e do melhor para o nosso time. Porque eu tenho que puxar a corda para o alto — explicou o jogador, que é o capitão do Magnus há algumas temporadas.

Apesar da opinião, Rodrigo não nega que o Brasil continua produzindo craques nas quadras. Nesta temporada da LNF, ele aponta como principais destaques os alas do Corinthians Maicon e Luisinho, Witamá, do Magnus, Bruninho, do Jaraguá, e Vagner, do Atlântico.

Quanto ao time favorito ao título, ele ressalta o equilíbrio, mas coloca o Jaraguá com um leve favoritismo em relação aos demais concorrentes.

Rodrigo (à direita) foi campeão do mundo com o Brasil em 2012.
| Foto: Pornchai Kittiwongsakul

Futsal x Kings League
Por fim, Capita falou sobre a saída de jogadores do futsal para clubes da Kings League. O movimento está cada vez mais comum, o que coloca para alguns a nova modalidade como concorrente do esporte da bola pesada. Contudo, Rodrigo não vê desta forma e entende que as duas práticas são benéficas para o contexto esportivo brasileiro, cada uma com sua proposta.

— Acho que dá para todo mundo viver bem. Eles virem e tirarem um jogador muito bom do time de futsal, eu acho que é muito difícil. É muito difícil por tudo que o futsal propõe e o que a Kings League propõe. Tem muita coisa ainda que são amadoras — comentou o ídolo do Magnus, que ainda vê no futsal um plano de carreira mais estabelecido.

Mesmo assim, ele admite a possibilidade de participar de alguma edição da Kings League no futuro e revela que já recebeu convites de equipes.

— Eu acho que é um negócio muito legal, ainda mais quando a gente fala de mídia, de internet, de YouTube. A molecada adorou, porque não é aquele jogo chato, é uma hora de jogo que tem várias regras, que pode virar aquela loucura. Tem grandes streamers, esses caras fomentam demais a liga. Aí que eu falo. A gente devia aprender com eles a fomentar o esporte. Todo mundo transmitindo, todo mundo comentando. Acaba a rodada, todo mundo comenta, todo mundo fala. Vai começar a próxima rodada, todo mundo comenta, todo mundo fala. Tem uma regra nova. Todo mundo comenta, todo mundo fala — citou Rodrigo.

Capita tem até o fim de 2025 para bater o martelo sobre aposentadoria ou não do futsal. De qualquer forma, suas participações na área da comunicação já estão garantidas, e o jogador ainda sonha em estar trabalhando na Copa do Mundo de futebol do próximo ano. Independente do setor que estiver atuando, não há dúvidas que Rodrigo seguirá inspirando a nova geração e lutando pela evolução do futsal brasileiro.