ENTRETENIMENTO

“Minha avó faleceu no dia do Clássico das Penas e eu dediquei a vitória pra ela” – LNF

Goleiro Velloso, destaque do Marreco Futsal, participou do podcast Entrevista da Semana no YouTube do Jornal de Beltrão, pra contar um pouco de sua história. | Foto: Adolfo Pegoraro

Muitas vezes o torcedor olha pro atleta profissional dentro de uma quadra em uma partida da Liga Nacional de Futsal e só vê a parte boa da profissão, que é ter seu nome gritado nas arquibancadas, comemorar uma vitória fazendo o que gosta, mas alguns percalços acabam passando despercebidos na carreira de um jogador.

O goleiro Velloso, que está se destacando muito na temporada 2025 com o Marreco Futsal, recebeu uma triste notícia no dia do Clássico das Penas, contra o Pato, pela LNF Cresol 2025. Às 7h30 da manhã, logo após acordar, recebeu a ligação de seu irmão com a informação de que sua avó havia falecido.
Comprometimento e fé

 
 
   

“Eu amo o que eu faço, eu não sei o que seria da minha vida se não fosse o futsal, já são 19 anos de carreira. Mas já renunciei e tive muitas perdas devido ao futsal. Não reclamo porque é o que Deus colocou na minha vida, eu aceito.

Na manhã do Clássico das Penas, recebi a notícia que minha avó tinha falecido. Eu não comentei nada com ninguém. Foi uma tristeza muito grande na hora. Mas eu sabia que eu tinha um compromisso muito importante à noite. E naquele momento eu só orei, pedi a Deus pela alma da minha avó, pra que ela pudesse descansar, e pedi forças pra que eu pudesse esquecer dentro da quadra tudo aquilo que estava acontecendo fora, pra que eu pudesse fazer um grande jogo.

Porque eu já tinha uma tristeza muito grande de ter ficado de fora do primeiro Clássico das Penas, pelo Paranaense. E eu não poderia ficar de fora de novo, sabendo tudo o que envolve esse clássico. Graças a Deus deu tudo certo, minha vó já estava nos braços do Pai, meu avô, que hoje também está no céu, me abençoou ali, consegui jogar, fazer uma grande partida, e o mais importante foi a vitória.”
Uma vitória com significado

“Quando eu entrei no ginásio eu sabia que precisava daquela vitória pra dedicar à minha avó”, relata Velloso, 36 anos, que acabou quebrando um tabu:

“Eu sabia que o Pato sempre marcava gol em Clássico das Penas, em toda a história, e eu era o goleiro nesse jogo e consegui passar toda a partida sem levar gol, e ainda dei uma assistência pro Meleca. Consegui escrever uma história bonita do Marreco e na minha carreira.
Meu primeiro Clássico das Penas foi lindo, a torcida fazendo festa, ginásio lotado, eles jogando junto conosco, é algo que vai ficar marcado pra sempre.”

Quem é Velloso?
Natural de Lorena (SP), Demosthenes Vinicius Velloso de Souza já faz parte da terceira geração de goleiros da família. Seu nome é em homenagem ao bisavô. “Demosthenes é um nome muito incomum. Meu pai sempre contava as histórias de amor pelo avô dele. A gente quando vai crescendo vai vendo o significado do nome, pro meu pai foi uma forma de reconhecer tudo o que o avô fez por ele. Meu filho é João, em homenagem ao meu avô, que sempre me incentivou a jogar, estava sempre na torcida, meu avô foi goleiro, meu pai era goleiro e agora a terceira geração. Meu avô jogou futebol profissionalmente no Volta Redonda, pois Lorena fica perto do Rio de Janeiro, aí ele chegou a jogar por um período”, diz Velloso, que como bom palmeirense no futebol sempre teve admiração pelo goleiro Velloso, que se destacou no Verdão na década de 1990.

“Lorena é uma cidade que fica no Vale da Paraíba, a 60 quilômetros da capital, ao lado do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, é uma cidade muito parecida com Francisco Beltrão, tem quase 100 mil habitantes. Meu pai tinha um time amador na cidade que chamava Meninos da Vila, apesar de não ser santista. Aí que nasceu a minha paixão por ser goleiro. Fiquei ali até os meus 16 anos, quando tive a primeira oportunidade de jogar profissionalmente e me aventuro por outras cidades. Minha família toda está em Lorena”, recorda-se o goleiro do Marreco.

Clássico internacional

Quando Velloso jogava na Intelli, em São Paulo, em 2017, conheceu o Clássico das Penas pela transmissão do SporTV, na final do Paranaense, entre Pato e Marreco. Ele tinha um grande amigo, que já tinha jogado junto, que estava no Pato, o Leandro Simi. “O Clássico das Penas deixou de ser nacional, é visto em todo mundo. A gente tem amigos fora que moram em outros países, que mandam mensagem naquela semana e falam que vão acompanhar o jogo. Teve gente que acordou de madrugada em outro país, por conta do fuso horário, pra assistir ao Clássico das Penas. O melhor jogador que eu já joguei junto foi o Simi, uma pessoa incrível também, então eu era fã dele e assisti ao clássico pela primeira vez. E foi aí que eu percebi a dimensão do que era um Clássico das Penas. Quando eu vim pro Operário, em Laranjeiras do Sul, eu comecei a perceber quantos clássicos paranaenses tem. Em São Paulo não tem tanto clássico assim. Aqui, toda rodada tem um clássico, é o Estado que mais tem times na Liga Nacional. Aí eu descobri o tamanho que é esse clássico, o que representa pra essas duas cidades e pra região. Então quando eu acertei com o Marreco, a primeira coisa que veio na minha mente era o Clássico das Penas, queria jogar e vencer”, complementa Velloso.

Encanto por Beltrão

Antes de acertar com o Marreco, Velloso especulou com amigos informações sobre Francisco Beltrão: “A gente se encantou por Francisco Beltrão. Minha esposa tem uma amiga que morou aqui, o marido dela foi transferido pra uma empresa daqui e eles ficaram aqui três anos. Agora já retornaram pra Marechal Cândido Rondon, que é a cidade da minha esposa. E quando ela comentou com essa amiga que a gente viria morar aqui, essa amiga só fez elogios, disse que por ela nunca teria saído de Francisco Beltrão, que é uma cidade sensacional. Quando chegamos aqui, só confirmamos essa impressão, meus filhos adoram, principalmente a minha menina, que agora tá com seis anos e já entende mais. Quando eu falo pra ela mudar de escola, ir pra outra cidade, ela já diz que não quer se mudar de novo. É um povo acolhedor, que te reconhece na rua, troca ideias, mostra aquele carinho comigo, isso é muito bom. Ter o seu nome gritado no ginásio é algo que marca muito a carreira de um atleta e aqui em Francisco Beltrão e já tive esse privilégio duas vezes. Tá sendo uma experiência incrível e eu espera estar aqui continuando a escrever essa história no próximo ano”, complementa o goleiro.