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Chave para a descarbonização do transporte pesado, biometano impulsiona o MS ao Estado Carbono Neutro

O biometano é a chave para a descarbonização do setor de transporte pois emite oito vezes menos gás carbônico que o óleo diesel. Com isso o uso do biocombustível, produzido principalmente a partir da biomassa de cana, na frota de veículos pesados em substituição ao diesel, se consolida como alternativa limpa e competitiva, impulsionando Mato Grosso do Sul ao tão sonhado Estado Carbono Neutro.

Essa foi uma das constatações feitas em encontro ontem (24) na Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande.

 
 
   

O  evento contou com a presença do secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, do ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto, do presidente da Biosul, Amaury Pekelman, do CEO da ZEG Biogás, Rodrigo Nogueira, lideranças do setor energético, representantes da AGE-MS e MSGás, Fiems, UEMS, UFMS, Senai e parceiros estratégicos.

Também participaram do evento a coordenadora de Transição Energética da Semadesc, Mamiule de Siqueira, e a coordenadora de Estatística, Bruna Mendes Dias.

Com forte potencial no Estado, o biometano, principalmente a partir da biomassa de cana-de-açúcar, representa não apenas uma solução sustentável, mas também novas oportunidades de negócios, competitividade para a indústria e redução de emissões de gases de efeito estufa.

No País 50% da energia é renovável, sendo o setor sucroenergético responsável por mais de 16% dessa geração, acima até mesmo das hidrelétricas que detém 12% do mercado. Com 22 usinas, o setor sucroenergético sul-mato-grossense é um dos grandes produtores de biometano no Estado, como a Adecoagro.

A usina situada em Ivinhema, produz diariamente 6 mil metros cúbicos de biometano e deve ampliar para 35 mil m³ até o final de 2027, um aumento de quase seis vezes, como parte de um investimento de R$ 225 milhões para expandir sua capacidade.

Este projeto visa transformar a vinhaça da produção de etanol em biometano para uso na frota interna e futura venda, aproveitando apenas 25% do potencial da vinhaça.  Outro grande empreendimento foi recentemente anunciado pela Atvos, que vai construir sua planta de biometano em Nova Alvorada do Sul, com investimento de R$ 360 milhões.

Jaime Verruck, titular da Semadesc

Com todo este investimento previsto, o encontro serviu para discutir os caminhos que podem transformar o biometano em um dos pilares da matriz energética do Mato Grosso do Sul. “Esta pauta é prioritária do Governo de MS que tem entre seus pilares de desenvolvimento a transição energética”, frisou o titular da Semadesc, Jaime Verruck.

O presidente da Biosul, Amaury Pekelmann reforçou o protagonismo de Mato Grosso do Sul na produção de biometano.

“MS é hoje referência nacional em energia limpa e renovável. O biogás e o biometano se consolidam como novas fronteiras desse avanço. Temos disponibilidade de matéria-prima, infraestrutura e ambiente regulatório favorável. Isso cria condições para investimentos consistentes e geração de valor. O setor de bioenergia mostra, mais uma vez, que inovação e sustentabilidade caminham juntas. O biometano é segurança energética, competitividade industrial e redução de emissões. É o combustível do futuro, já presente em nosso Estado. A Biosul acredita nesse caminho e seguirá trabalhando em parceria para acelerar essa agenda.”, sinalizou

Pesquisa e tecnologia

A reunião coordenada pela Biosul, contou com a participação das universidades, do Senai, da MSGás e de empresas, incluindo a Adecoagro, que apresentou um estudo de caso sobre biometano, é uma empresa de tecnologia de gás natural com experiência na aplicação de gás natural e biometano em usinas nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

“O encontro foi crucial para debater a política estadual de desenvolvimento do biometano. Acreditamos no alto potencial do biometano para substituir o diesel na frota, contribuindo para a descarbonização dos veículos a diesel em Mato Grosso do Sul. Iniciativas como a da Adecoagro, que está expandindo suas operações, e da Atvos, entre outras, demonstram esse potencial.

O agronegócio, especialmente nos setores de proteína animal, suínos e cultura, possui capacidade para atender à demanda de produção de biometano no Estado”, enfatizou o secret[ario da Semadesc.

Ele salientou que o biometano, por ter a mesma estrutura molecular do gás natural, oferece uma energia complementar para uso em veículos. “É importante ressaltar que não se trata de substituição, mas de complementação. O Estado tem avançado rapidamente, implementando incentivos fiscais para a produção de biometano, em consonância com a estratégia de Carbono Neutro 2030”, completou.

Secretário da Semadesc, Jaime Verruck e o ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto

A reunião também abordou os desafios, como gargalos na infraestrutura, tecnologia e pesquisa. “A participação das universidades é fundamental nesse processo. Além disso, foram discutidas as metas nacionais de redução das emissões de CH4 (metano). Mato Grosso do Sul já está desenvolvendo projetos para o tratamento de resíduos sólidos, sendo o setor sucroenergético e o setor de celulose as principais fontes de geração de biometano e de descarbonização de suas frotas próprias”.

O secretário reafirmou que o biometano está no centro da estratégia de descarbonização do Governo de MS, com resultados concretos. “Estamos comprometidos em oferecer incentivos e financiamentos verdes para atrair investimentos no setor”, concluiu.

Rosana Siqueira, Comunicação Semadesc
Fotos: Assessoria Biosul