O setor público conta com um volume enorme de recursos – “recursos financeiros que vêm dos contribuintes brasileiros e recursos humanos” – e, por isso, é fundamental fortalecer os mecanismos de controle e transparência. A afirmação foi feita pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Herman Benjamin, na manhã desta segunda-feira (30), ao abrir o Simpósio Modelo de Capacidade de Auditoria Interna (IA-CM) STJ – Uma Abordagem Global para uma Administração Pública Moderna.
Desenvolvido pelo Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA Brasil) com apoio do Banco Mundial, o IA-CM é dividido em cinco níveis e serve como um “mapa de progresso” para as instituições.
Ao comentar a importância do IA-CM como ferramenta para avaliar a maturidade das auditorias no setor público, Herman Benjamin celebrou a conquista do STJ como o primeiro órgão da administração direta federal a atingir o nível 3, conforme a avaliação realizada pelo Conselho Nacional de Controle Interno (Conaci): “Esse patamar que nós alcançamos não é resultado de um esforço individual, é um esforço coletivo, e não é um esforço apenas desta gestão: são tijolos acrescentados uns sobre os outros nas gestões anteriores”.
Certificação reconhece auditoria interna do STJ como referência
Em seguida à manifestação do presidente, foi realizada a cerimônia de entrega da certificação que reconhece a auditoria interna do STJ como referência em governança pública, após atingir o nível 3 do IA-CM. O presidente do Conaci, Edmar Camata, entregou a placa de certificação ao diretor-geral do STJ, Sergio Americo Pedreira, e ao secretário-geral da Presidência, Carl Smith.
Em seu discurso, Edmar Camata falou sobre a importância do IA-CM como instrumento estratégico para fortalecer o controle interno no setor público. Segundo ele, discutir formatos e frameworks de auditoria é essencial para orientar gestores e evitar que as administrações públicas fiquem presas à lógica de tentativa e erro. O dirigente ainda chamou atenção para o papel do Conaci ao oferecer ferramentas que sirvam de referência concreta para municípios e estados aprimorarem seus sistemas de auditoria, especialmente diante do curto tempo dos mandatos e da urgência por resultados consistentes.
Camata afirmou que o desafio atual não é o acesso ao conhecimento, mas a capacidade de absorvê-lo e transmiti-lo. Ele revelou que um diagnóstico do Conaci em mais de 2.700 municípios mostrou que apenas “3% das unidades de controle interno municipais tinham um nível alto de maturidade em auditoria”, com pouca inspiração para avançar. Por isso, enfatizou a importância de fornecer referências e metodologias às controladorias municipais. Por fim, ressaltou que a conquista do nível 3 do IA-CM pelo STJ é “um passo muito importante, é um passo gigante”, que serve de exemplo para os demais órgãos de controle interno no país.
Um marco para toda a administração pública brasileira
Ao receber a certificação internacional, Sergio Americo Pedreira frisou que essa conquista ultrapassa os limites institucionais do STJ, representando um marco simbólico para toda a administração pública brasileira. Ele confirmou o compromisso do tribunal com a melhoria contínua, destacando que é possível implementar auditorias mais eficientes, com foco na ##prevenção## de riscos e no fortalecimento do Estado. “Ao sermos o primeiro órgão da administração direta federal a alcançar o nível 3, assumimos um papel de referência nacional e internacional”, avaliou.
Carl Smith reforçou que a conquista do nível 3 no modelo IA-CM reforça o compromisso da corte com a excelência, a transparência e uma auditoria cada vez mais estratégica e alinhada à boa governança. Para ele, o reconhecimento internacional validado pelo Conaci evidencia a maturidade institucional e a importância de lideranças comprometidas e equipes conectadas entre si.
“Esse reconhecimento não é um ponto de chegada, mas é, sim, um estímulo para que sigamos aperfeiçoando nossas práticas e contribuindo para o fortalecimento do controle, da integridade e da confiança das instituições públicas perante a sociedade”, disse.
Por fim, a secretária de Auditoria Interna do STJ, Ana Paula Santana, comentou que a certificação do nível 3 do IA-CM simboliza uma jornada de trabalho silenciosa, de escolhas difíceis, de aprendizados constantes e, principalmente, de um compromisso inabalável de toda a equipe de auditoria em busca da excelência no serviço público. “Que essa conquista nos lembre que, mesmo em meio a situações desafiadoras, é possível crescer. Que essa vitória nos inspire a continuar acreditando no que fazemos, mas, acima de tudo, a continuar cuidando uns dos outros no caminho”, concluiu.
Painéis aprofundam debates sobre a importância do modelo
O simpósio – uma promoção do STJ com o apoio do IIA Brasil, do Conaci, do Banco Mundial e do Conselho de Dirigentes de Órgãos de Controle Interno da União (Dicon) – tem o objetivo de fomentar a adoção do IA-CM no setor público, por meio do intercâmbio de experiências entre especialistas, gestores e auditores, além de alinhar práticas às novas Normas Globais de Auditoria Interna (IIA 2024).
O evento prosseguiu com dois painéis na parte da manhã, os quais aprofundaram os debates sobre a importância do modelo de capacidade na administração pública. O primeiro abordou o IA-CM como instrumento de fortalecimento da governança pública; o segundo painel tratou do papel da alta administração na implementação do IA-CM.
Para o período da tarde estão previstos os painéis “Avanços e Desafios na Implementação do IA-CM no Brasil (Executivo, Legislativo, Judiciário)”, “A Jornada da Auditoria Interna do STJ: do Nível 1 ao Nível 3 do IA-CM” e “Perspectivas Institucionais e Estratégicas para o IA-CM”, além da assinatura de um termo de cooperação entre o IIA Brasil, o Banco Mundial, o Conaci e o Dicon.
As discussões do simpósio podem ser acompanhadas pelo canal do STJ no YouTube. Clique na imagem para assistir: