Objetivo é oferecer ferramentas para empreendedores solidários prosperarem
O IFSP inicia, no mês de maio, a oferta do Programa Economia Solidária (Ipê), que oferece ferramentas e conhecimentos necessários para que os empreendedores possam prosperar em seus empreendimentos solidários. São oferecidas 300 vagas por meio dos campi Avaré, Boituva, Ilha Solteira, São José dos Campos e Suzano. O Ipê está alinhado ao Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional — PMQ, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
As atividades do Ipê, coordenadas pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão do IFSP, serão iniciadas no dia 12 de maio, com uma apresentação das ações do projeto, transmitida online pelo canal oficial do IFSP no YouTube. A atividade contará com a participação da PRX e dos campi participantes.
Nos dias 13 e 14 de maio, será realizada uma formação de 20 horas para os formadores em Economia Solidária, os quais ministrarão os cursos de Agentes de Desenvolvimento Cooperativista Solidário e de Gestão de Empreendimentos Econômicos Solidários. Saiba mais abaixo.
Os cursos têm início no dia 15 de maio e seguem até o mês de setembro, totalizando 200 horas/aula. Cada unidade do IFSP participante do projeto faz um estudo sobre os públicos e as demandas dentro da sua região, de modo a favorecer preferencialmente pessoas com menos acesso à capacitação.
Ilha Solteira
Fotos: turma 2024 do Programa Economia Solidária do Campus Ilha Solteira Em 2024, as mulheres compuseram a maior parte dos estudantes dos cursos oferecidos no Campus Ilha Solteira. Elas atuavam, sobretudo, no artesanato, em cooperativas de agricultura familiar e como empreendedoras sociais independentes.
Uma das entidades convidadas para participar da ação foi a Associação dos Artesãos do município. O curso provocou um grande impacto, sobretudo nas participantes mais idosas e naqueles que há muito tempo não se qualificavam, como lembra a presidente da associação, Rosângela Cristina Damico Brauna. “Muitas eram resistentes a aprender, por exemplo, o básico sobre informática. Outras eram mais introspectivas e, a partir de inúmeras atividades em grupo, passaram a interagir com as demais artesãs”, relata.
O curso promoveu visitas técnicas e práticas diretas em feiras, associações e cooperativas de Ilha Solteira, discutindo e aprofundando o tema da economia solidária.
O ponto alto, conta Rosângela, foi a visita à MegaArtesanal, maior feira de artesanato da América Latina. Além de terem acesso a muitas novidades e à matéria-prima mais barata, a viagem também foi a primeira oportunidade para muitas conhecerem a capital paulista. “Foi inimaginável. Voltamos cheias de ideias e produzindo novos artesanatos. Além de ter sido um passeio incrível, rimos, socializamos”, relembra Rosângela.
Os cursos proporcionaram mais do que conhecimento profissional, permitiram às mulheres compreenderem o valor do seu trabalho e sua importância na sociedade. A presidente da associação revela que mulheres que andavam de cabeça baixa se empoderaram ao encontrar nas companheiras e no IFSP apoio, incentivo e conhecimento. “Após o curso, uma das artesãs, bastante submissa ao marido, se impôs e colocou sua vontade em primeiro lugar, dizendo que queria estar com o grupo de artesãs nos eventos. Foi bonito de ver esse empoderamento”.
O impacto do curso foi visível no modo de organização e trabalho das cooperativas e associações locais, que passaram a adotar novas estratégias de gestão, comercialização e práticas colaborativas, fortalecendo a economia solidária em Ilha Solteira.
Mesmo com o fim das aulas, as artesãs passaram a se encontrar com mais frequência, desenvolveram novos produtos e participam de mais eventos na cidade. Uma grande novidade é que também passaram a escrever projetos e submetê-los para editais de incentivo a iniciativas culturais da prefeitura e do Programa de Ação Cultural de São Paulo (ProAc). “Antes, não fazíamos ideia de como escrever o projeto. Submetemos pela primeira vez e já conseguimos uma nota muito boa”, afirma Rosângela.
Com tantas avaliações positivas, a demanda pelos cursos aumentou. “As artesãs que não participaram no ano passado, já se inscreveram. As que fizeram o curso de agente, agora querem fazer o de gestor. Aprimoramos nossos processos e vimos que, por meio do incentivo e do conhecimento, podemos fazer muito mais”, finaliza Rosângela.
Ipê
No IFSP, o Ipê está alinhado com o Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional — PMQ, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que apresenta como objetivo a formação dos trabalhadores dos empreendimentos econômicos populares e solidários com foco no acesso e na permanência em ocupações demandadas pelo setor produtivo local e/ou relacionado à vocação econômica de cada território.
Um dos diferenciais da capacitação é a escolha do público-alvo. “Nos preocupamos em oferecer o curso ao público marginalizado, como as mulheres, a comunidade LGBTQIA+, as comunidades ribeirinhas, os quilombolas, as pessoas privadas de liberdade. São pessoas com menos acesso às políticas de capacitação social e profissional”, avalia o coordenador-adjunto do programa e docente do Campus Ilha Solteira, Marcos da Cruz Alves Siqueira.
Mariana Bertolotti, diretora de Equidade e Ações Comunitárias, pasta responsável pela coordenação do Ipê na Pró-Reitoria e Cultura e Extensão do IFSP, destaca a importância da retomada das ações da Secretaria de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (Senaes/MTE), após sua extinção no governo anterior. “O curso vai dar embasamento para que cooperativas e associações possam acessar recursos federais, então vem reparar uma política econômica voltada a essas instituições que não aconteceu nos últimos seis anos”. A coordenação do projeto no IFSP acredita que a proposição desse trabalho significa a tentativa de “fomentar um novo mundo, de trazer novas oportunidades”.
Saiba mais sobre o programa aqui.
Cursos
O projeto liderado pelo IFSP abrange duas capacitações fundamentais para o fortalecimento da economia solidária: Agentes de Desenvolvimento Cooperativista Solidário e Gestão de Empreendimentos Econômicos Solidários.
O agente de Desenvolvimento Cooperativista Solidário auxilia no planejamento, na execução de processos, na prestação de assistência e serviços aos cooperados. Também desenvolve estratégias de fomento às políticas públicas de economia solidária no território, à criação de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), à articulação e construção de redes de cooperação solidárias e cadeias produtivas em economia solidária.
Já o gestor de Empreendimentos Econômicos Solidários domina conceitos e práticas de gestão de pessoas, de associativismo, e de cooperativismo. Ele sabe identificar oportunidades de mercado, considerando técnicas de gestão da inovação.
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