Estação Experimental d a Epagri em Lages foi uma das unidades visitadas (Foto: Pablo Gomes / Lages)
As Estações Experimentais da Epagri em Lages e Itajaí receberam na última semana a visita de uma comitiva de pesquisadores europeus, acompanhados da professora de pós-graduação em engenharia civil da UDESC Joinville, Virginia Grace Barros, e do engenheiro sanitarista, Leonardo Romero Monteiro. O objetivo da visita foi promover o intercâmbio de informações visando futuras parcerias na área de tecnologia ambiental.
O engenheiro químico espanhol, Josué Gonzales Camejo, e a economista grega, Isavella Georgiou, vieram a Santa Catarina através do projeto da FAPESC “Transição para adaptação às mudanças climáticas e implementação do desenvolvimento sustentável”. Virgínia conta que conheceu os colegas europeus durante o seu pós-doutorado na Università Politecnica delle Marche, na Itália, e teve a ideia de trazê-los para mostrar as inovações que estão sendo testadas na Europa e podem ser úteis para aprimorar a pesquisa agropecuária no Estado. Durante sua estada em Santa Catarina, Josué e Isavella também conheceram a sede da Epagri, na capital.
Em Itajaí, a comitiva conheceu o trabalho desenvolvido pela Epagri, desde projetos de pesquisa, lançamento de cultivares, treinamento e atendimento ao produtor rural, até as linhas de financiamento para a profissionalização da agricultura familiar.
Após a apresentação da gerente da Estação, Ester Wickert, e do gerente regional, Jorge Malburg, Josué e Isavella apresentaram seus objetos de estudo. Suas pesquisas visam, entre outros objetivos, reduzir os impactos das mudanças climáticas e desenvolver tecnologias para otimizar a transição de práticas convencionais para uma agricultura sustentável e resiliente, além de promover a qualidade de vida das famílias rurais.
Agricultura biocircular
Josué é doutor em Engenharia Hidráulica e Meio Ambiente pela Universitat Politècnica de Valência (Espanha) e pesquisa sobre o tratamento e reuso de águas residuais e biorrefinarias baseadas em microalgas. Ele apresentou o trabalho desenvolvido na Beta, na cidade de Vic, na Catalunha. A empresa é especializada em biodiversidade e tecnologia circular, com ênfase na otimização da sustentabilidade, melhoria da governança, transferência de conhecimento e desenvolvimento de softwares.
Um dos projetos desenvolvidos é o da agricultura biocircular, que causa menos impacto ambiental ao reciclar resíduos e os transformar em novos produtos, como o biogás, produzido a partir de rejeitos de água e fertilizantes. Entre os problemas que o pesquisador se debruça está a redução da contaminação do solo provocada pelo excesso de nutrientes e adubo. Estão no portfólio da empresa biopesticidas, tecnologias para tratar diferentes tipos de rejeitos, formulação de fertilizantes alternativos e análise de processos.
Drones com tecnologia IA monitoram perdas na fruticultura
Isavella Georgiou é mestre em Gestão Ambiental e pesquisadora de doutorado no Programa Conjunto de Doutorado em Gestão Integrada de Água, Solo e Resíduos entre a Technische Universität Dresden (Alemanha) e a UNU-FLORES. A instituição foi fundada pelas Nações Unidas, em 2012, para atender aos 17 objetivos da Agenda 2030, um plano global de ação para promover o desenvolvimento sustentável.
Entre os projetos de tecnologia aplicada à produção, Isavella apresentou o monitoramento de plantações de maçãs através de drones para estimar as perdas na lavoura antes da colheita. Frutos fora do padrão de cor, maturação ou formato são identificados e visualizados em 3D graças à tecnologia IA. Na área da piscicultura, ela está desenvolvendo um protótipo para analisar a qualidade das ovas de peixe. Todos os projetos têm como finalidade atender a produção de alimentação humana.
Primeiro passo
A visita à Epagri é o primeiro passo para viabilizar parcerias de pesquisa que promovam a agricultura sustentável em ambos os países, tornando-a mais competitiva e ecologicamente responsável. A União Europeia financia projetos de pesquisa em países emergentes, como o Brasil, para atender demandas como o melhor aproveitamento de dióxido de carbono (CO²) e a redução do consumo de recursos naturais limitados, como a água.
“Na Udesc, nós trabalhamos com esta questão da economia circular e aplicação de alguns conceitos importantes e inovadores nas atividades socioeconômicas, buscando o desenvolvimento sustentável. Já a Epagri é uma força enorme em Santa Catarina, que contribui muito para o desenvolvimento do Estado. A intenção desta parceria é que a gente consiga, no futuro, um meio ambiente melhor e mais qualidade de vida ”, afirmou Virginia.
Por Renata Rosa e Pablo Gomes, jornalistas bolsistas da Epagri/Fapesc
Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de comunicação da Epagri: (48) 3665-5407 / 99161-6596