Simone nasceu na Bahia em 25 de dezembro de 1949. Nesta quarta-feira, 25 de dezembro de 2024, dia de Natal, ela completa, portanto, 75 anos.
Não é por acaso que seu disco mais popular, e o que mais vendeu, é um álbum de canções natalinas chamado 25 de Dezembro, lançado em 1995.
Simone Bittencourt de Oliveira começou na EMI-Odeon, e foi lá que, entre 1973 e 1980, gravou seus melhores álbuns, como Face a Face (1977), Cigarra (1978) e Pedaços (1979), nos quais cantou parte expressiva do melhor repertório de MPB da época.
Simone aconteceu aos poucos. Quase nada no disco de estreia, de 1973. Um pouco mais em Quatro Paredes, de 1974. Mais ainda em Gotas d’Água, de 1975. E, finalmente, em Face a Face, que, em 1977, a projetou como uma das grandes cantoras do Brasil.
Face a Face já era um excelente disco na época do seu lançamento. Mas soa muito melhor agora, quando reouvido quase 50 anos depois. Dos dela, é o meu preferido.
Face a Face impressiona pela beleza da voz de timbre grave de Simone, pela qualidade do repertório, dos arranjos e pelo nível dos instrumentistas que a acompanham.
Face a Face e Jura Secreta são de Sueli Costa. Reis e Rainha do Maracatu, Paixão e Fé e Canoa, Canoa, a gente ouviu depois no Clube da Esquina 2, de Milton Nascimento.
Primeiro de Maio é uma parceria de Chico Buarque com Milton Nascimento. O Que Será é de Chico e também foi gravada pelo autor em dueto com Milton tanto em Meus Caros Amigos quanto em Geraes.
Céu de Brasília é Toninho Horta. Valsa Rancho é Francis Hime. Começaria Tudo Outra Vez é Gonzaguinha. Difícil crer que esteja tudo num só álbum.
Cigarra, de 1978, e Pedaços, de 1979, são os outros discos de Simone talvez comparáveis a este álbum de 1977. Estão na antologia da música popular brasileira.
No primeiro, há o Milton Nascimento de Cigarra e o Gilberto Gil de Então Vale a Pena, o Gonzaguinha de Diga Lá, Coração e o Roberto Carlos de As Curvas da Estrada de Santos. No segundo, há o Ivan Lins de Começar de Novo e o Chico Buarque de Sob Medida, a Fátima Guedes de Condenados e a Sueli Costa de Cordilheira.
Em dezembro de 1979, no auge da primeira fase de sua carreira, Simone gravou um disco ao vivo no Canecão, Rio de Janeiro, e, com o programa desse show, percorreu o Brasil lotando teatros e ginásios de esportes.
No último álbum na EMI-Odeon, em 1980, voltou a Sueli Costa em Música, Música, Gonzaguinha em Sangrando, Chico Buarque em Mar e Lua, Ivan Lins em Novo Tempo.
Em 1981, Simone trocou a EMI-Odeon pela CBS. Seguiu fazendo sucesso, mas o contrato milionário não garantiu a qualidade do que gravou, se compararmos os discos da CBS com os da EMI-Odeon.
Do ponto de vista do êxito comercial, o ponto mais alto de sua trajetória foi em 1995, quando, já na PolyGram, lançou o álbum natalino 25 de Dezembro.
Então é Natal – versão de Happy Xmas, de John Lennon e Yoko Ono – se converteu num sucesso gigantesco, muito provavelmente, o maior de todos os hits de Simone.
Há pouco, Simone celebrou 50 anos de carreira numa turnê. O marco zero é o álbum de estreia que lançou em 1973. Tô Voltando foi o nome dado à turnê.
Simone é uma das grandes cantoras do Brasil, voz marcante dessa geração que brilhou na década de 1970. Teve razões de sobra para cair na estrada comemorando 50 anos de carreira e tem novamente neste 25 de dezembro, quando faz 75 anos.