Quartas de final da Copa do Mundo de Futsal da FIFA. Brasil de um lado, Marrocos do outro. Quando isso aconteceu em 2021, na Lituânia, foi a estrela — e o bico da chuteira — de Rodrigo Capita que decidiu o jogo para a Seleção.
Fora da convocação para a Copa no Uzbequistão, o antigo capitão brasileiro conversou com exclusividade com a FIFA e lembrou aquele confronto, que se repete neste domingo, em Bucara, justamente na mesma etapa do Mundial.
“A gente sabia que o Marrocos era uma seleção difícil, mas não tinha tanta informação como a gente tem agora”, lembrou Rodrigo, que também destacou que o Brasil chegou a ficar dois anos sem convocações naquele ciclo afetado pela pandemia do novo coronavírus.
“Vendo pela Copa do Mundo, sabíamos que era uma seleção que gostava de ter a bola, que não te dava a bola de qualquer jeito. Sofremos muito, mas em um gol de falta meu, de longe, fui feliz, meu bico tradicional entrou no pé da trave e nos deu tranquilidade.”
De lá para cá, muita coisa mudou. A Seleção Brasileira voltou a ser convocada com frequência, inclusive para jogos contra o Marrocos, com os africanos saindo com o triunfo. Aliás, no período entre as duas Copas, os Leões do Atlas chegaram a ficar 50 partidas sem perder.
Nesta Copa do Mundo, são três vitórias e uma derrota para os marroquinos, que eliminaram o Irã em um thriller digno de cinema nas oitavas de final.
“O Brasil ainda é favorito, mas não igual todo mundo pensava no último Mundial. O Marrocos se preparou muito bem, é uma seleção muito chata de se enfrentar, que gosta de ficar com a bola e que vai botar o Brasil para correr”, analisou Rodrigo, que vê a Seleção com os predicados necessários para avançar.
“Lino, o melhor do Brasil. Três goleiros que qualquer um pode pegar a camisa e jogar. Dyego, que é um cara diferente, Ferrão, que está voltando… O Brasil tem muitos valores individuais e está em um momento muito focado na marcação, na estrutura tática do Marquinhos. O Brasil tem tudo para fazer um grande jogo contra o Marrocos.”
Copa diferente para Rodrigo
Rodrigo ainda não se acostumou muito a viver esses jogos longe das quadras. Aos 40 anos, o fixo do Magnus tinha planos para ir ao Mundial, mas acabou não convocado por Marquinhos Xavier.
Engana-se, porém, quem pensa que isso deixaria algum tipo de mágoa no peito do campeão mundial de 2012. Pelo contrário: quando a lista saiu, ele publicou um vídeo em suas redes sociais festejando a convocação de Leandro Lino, seu companheiro de clube.
“Eu já passei pelo outro lado, de ser convocado. Então, eu não tinha que ficar triste, mas que ficar alegre e impulsionar eles, dizer vai para lá com tudo. Eu fiquei muito feliz pelo Leandro Lino, porque é um cara fora da curva, muito bom jogador. Todo mundo sonha em estar em uma Copa do Mundo.”
Mesmo à distância, o lado ‘capitão’ aparece às vezes no contato com os melhores amigos presentes no Mundial. É o caso do próprio Lino, que passou em branco nos três primeiros jogos na Copa.
Em constante contato com o amigo, Rodrigo enviou mensagens de encorajamento a ele. Assim que Lino marcou seu primeiro gol, o terceiro na goleada do Brasil por 5 a 0 sobre a Costa Rica, foi de Rodrigo a primeira mensagem que apareceu em seu celular.
“Cada jogo que passa eu mando para pessoas que sou mais próximas, principalmente com o Lino, eu mandei: ‘Cara, você está jogando para caramba, calma que na hora certa o gol vai sair’. Assim que acabou o jogo fui o primeiro a mandar mensagem: ‘Mano, saiu, é isso, vida que segue e foco no próximo jogo’”, revelou.
Capita espera um jogo difícil para o Brasil, mas não deixa de acreditar na força da Seleção. Perguntado sobre seu prognóstico para a sequência do Mundial, dividiu o favoritismo entre Cazaquistão e Argentina, de um lado, e Brasil e Marrocos, do outro.
Mas deixou um palpite claro.
“A gente vai sofrer, vai dar uma dorzinha no peito, no coração. No Mundial passado foi assim, 1 a 0 até o final, mas a gente marcou muito bem”, reforçou.
“Acho que o Brasil tem tudo para fazer uma grande competição e um grande jogo.”