ENTRETENIMENTO

Como o Atlântico, de Erechim, se transformou em um fenômeno no futsal brasileiro – LNF

Atlântico, do ala Richard, é o atual campeão da Liga Nacional de Futsal.
| Foto: Edson Castro

Está em Erechim, no norte do Rio Grande do Sul, uma das equipes que se tornou referência no país quando o assunto é futsal. Atual campeão da Liga, o Atlântico começa a decidir outro campeonato de nível nacional no próximo domingo (22), a Copa do Brasil. É a quarta final em dois anos.

Atualmente, o Galo de Erechim está ao lado da ACBF, de Carlos Barbosa, como os maiores clubes em termos de investimentos no futsal gaúcho. Segundo o vice-presidente Cladir Dariva afirmou em entrevista à Zero Hora em janeiro deste ano, o orçamento anual está previsto para aproximadamente R$ 4 milhões, um salto em relação aos R$ 2,5 milhões de 2023.

 
 
   

A vaga na Copa do Brasil de 2024 foi conquistada com o título da Copa RS no ano passado. Na final, vitória nos pênaltis sobre a Yeesco Sercesa.

Dez dias depois, em Toledo, no Paraná, o Atlântico levantou a taça da Liga Nacional de Futsal (LNF) ao derrotar o Joinville por 2 a 1. A virada no placar ocorreu nos últimos 30 segundos de jogo.

Jogadores do Atlântico fazendo a festa com a taça da LNF.
| Foto: Edson Castro

— O Atlântico se preparou para investir em um período de três a cinco anos para justamente buscar esse título que faltava, que era a Liga Nacional. O clube se estruturou em todos os sentidos para dar esse passo maior. Já vinha de três finais de Ligas que não tinha conseguido o título. O Atlântico contratou jogadores de qualidade, experientes. Tudo contribuiu para formar uma equipe equilibrada e forte — afirma com técnico Paulinho Sananduva, que assumiu o Atlântico em 2023.

O percalço fora da curva da temporada foi a eliminação nas oitavas de final do Gauchão. Depois de perder em Seberi e ganhar em Erechim, o Atlântico acabou eliminado para a Afucs nos pênaltis. Mas isso não foi o suficiente para desanimar o Galo.

Atlântico teve grandes vitórias ao longo da campanha na Copa do Brasil, mas também viveu momentos de tensão. | Foto Edson Castro

Caminho até mais uma final

O adversário da final da LNF foi o da primeira fase da Copa do Brasil de 2024. O Atlântico passou pelo Joinville com duas vitórias: 4 a 1 em Santa Catarina e 3 a 1 no Rio Grande do Sul.

Nas oitavas de final, novamente uma classificação incontestável: venceu a ACEL Chopinzinho nos dois jogos.

Nas quartas, o momento mais duro da competição para o time de Paulinho Sananduva. Perdeu fora de casa para o Jaraguá e precisou ganhar em Erechim no tempo normal. Com o empate na prorrogação, conseguiu a classificação nos pênaltis.

— Fizemos dois grandes jogos, tanto lá em Jaraguá, quando perdemos de 4 a 3, quanto em Erechim. A gente teve um desempenho abaixo nos primeiros 10 minutos, mas depois tomamos conta do jogo. Na volta, vencemos por 8 a 3 e a prorrogação foi 0 a 0. Conseguimos a classificação nos pênaltis. Foi uma experiência muito positiva — lembra o treinador. 

Na fase seguinte, a logística foi um desafio. O grupo viajou mais de 3,2 mil quilômetros até Alagoas para enfrentar o Traipu. Empate na ida, vitória em Erechim. O Atlântico em mais uma final nacional.

O adversário da decisão

Na mesma temporada em que despontou como uma das sensações do Brasileirão de futebol, o Fortaleza despontou no futsal. O clube venceu a Copa Ceará, está nas semifinais do Campeonato Cearense e do Brasileirão de Futsal e será o rival do Atlântico na final da Copa do Brasil, com o segundo jogo da decisão em casa, no domingo seguinte, 29 de setembro, às 13h.

O projeto do futsal do Fortaleza foi retomado em 2024 após dois anos de pausa. O presidente do futebol é o mesmo do futsal, Alex Santiago. Os patrocinadores, no entanto, são diferentes entre as modalidades.

O Fortaleza garante ser um dos clubes com maior investimento do futsal brasileiro. Um dos movimentos que exemplifica o poderio financeiro é a contratação de Rômulo, 37 anos, fixo brasileiro naturalizado russo campeão da última Champions League. Ele estreou em julho e tem cinco gols pela equipe brasileira.

— É uma equipe que mescla jogadores experientes, vencedores que já jogaram a nível de seleção, já participaram em vários clubes, inclusive alguns jogaram no próprio Atlântico. A gente tem esse conhecimento das características, da capacidade e da qualidade desses atletas, mesclada com jogadores novos lá do Nordeste, que também é um estado que revela grandes jogadores — comenta Sananduva.

O ala Jackson Samurai, o pivô Jé e o goleiro Jackson são os ex-Atlântico que estão no Fortaleza. Valdin, ala que atuou por seis temporadas na Assoeva, em Venâncio Aires, também é um nome conhecido dos gaúchos.

Paulinho Sananduva é o treinador à frente das boas campanhas recentes do Atlântico. Foto: Edson Castro

Professor Paulinho

Paulinho Sananduva é a voz da experiência na ascensão do Atlântico como potencia nacional. Está na terceira passagem pelo clube: a primeira de 2001 a 2003, a segunda em 2011, na conquista da Série Ouro, e a terceira que começou em 2023. O atual contrato vai até o final desta temporada.

Aos 65 anos, Paulo Fernando Sartor, que carrega o nome da cidade onde nasceu, é um dos cases de sucesso no esporte gaúcho. É campeão mundial por Ulbra, em 1999, e ACBF, em 2012, e soma seis títulos gaúchos, um paranaense, um catarinense, uma Copa Sul e dois brasileiros.

Após o título da LNF, o professor Paulinho recebeu os parabéns de uma referência mundial: Luiz Felipe Scolari, o Felipão.

— Essa é para mandar ao pessoal de Erechim, parabéns. Assisti à grande virada hoje (domingo) sobre o Joinville, por 2 a 1, sendo campeão brasileiro de futsal. Paulinho Sananduva, sua turma, direção toda e a cidade em geral, meus parabéns. Fiquei muito feliz com essa vitória. Ao Paulinho, meu abraço apertado. Parabéns por tudo — disse Felipão em vídeo enviado à imprensa.

No horizonte, já está um novo desafio: a Supercopa. Como finalista da Copa do Brasil, o Atlântico se classificou para a competição, que dá uma vaga para a Libertadores.