Francis Hime faz 85 anos neste sábado (31). Nascido no Rio de Janeiro em 31 de agosto de 1939, Francis Victor Walter Hime é compositor, arranjador, pianista e cantor.
Hime não obteve a visibilidade de contemporâneos como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento, mas é um dos craques dessa geração de compositores populares que se projetaram a partir da década de 1960.
A primeira composição conhecida de Francis Hime é Sem Mais Adeus. Melodia sua, letra de Vinícius de Moraes. É do início da década de 1960.
Somente em 1973, quando Hime tinha 34 anos, é que viria o primeiro disco solo autoral. Sem Mais Adeus está entre as nove faixas do álbum que abre com Atrás da Porta.
Em 1972, na voz de Elis Regina, Atrás da Porta ganhara sua versão definitiva. Também aparece, cantada por Chico Buarque, no disco Caetano e Chico Juntos e ao Vivo.
A melodia de Atrás da Porta é de Francis Hime. A letra é de Chico Buarque. Os dois foram parceiros frequentes por mais de uma década.
Houve outros (Edu Lobo, Milton Nascimento, Guinga, Ruy Guerra, Cacaso), mas Chico é o parceiro mais importante de Francis. A parceria deles marca o encontro do grande melodista que há em Francis com o letrista excepcional que há em Chico.
Atrás da Porta, Meu Caro Amigo, A Noiva da Cidade, Passaredo, Trocando em Miúdos, Pivete, E Se, Embarcação, Amor Barato, Vai Passar. Entre 1972 e 1984, são todas – e há outras – da parceria de Francis Hime com Chico Buarque.
Hime teve formação erudita. Migrou para a música popular. É filho da bossa nova. Mas não é do violão de João Gilberto e sim do piano de Tom Jobim.
Harmonias refinadas. Melodias, também. Francis Hime é nitidamente um compositor jobiniano, assim como Edu Lobo, outro dos grandes nomes dessa geração.
Hime demorou a gravar, mas gravou muito. Na EMI, na Som Livre, na Universal. Sobretudo na Biscoito Fino, em cujo elenco está há mais de 20 anos.
Os dois volumes de Álbum Musical resumem bem o seu cancioneiro. No duplo O Tempo das Palavras/Imagem, faz, ao piano, um pouco da música que compôs para o cinema.
Dividiu discos com a cantora Olivia Hime, com quem está casado há mais de 50 anos, e com Guinga. Compôs uma sinfonia para o Rio de Janeiro.
Está sozinho ao piano, nu com a sua música, em Estuário das Canções, o álbum mais recente, lançado em 2023. Nele, ouvimos Francis Hime como se estivéssemos diante de esboços de grandes canções. Seu repertório autoral o põe ao lado dos melhores.