A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) anunciou, nessa segunda-feira (22/7), que o Hospital Alberto Cavalcanti (HAC) fornecerá, a partir de agosto, próteses fonatórias (próteses de voz) aos pacientes atendidos pela unidade e submetidos a laringectomia total – retirada completa da laringe e das cordas vocais, que impossibilita a fala – devido ao câncer.
Durante a ação do Julho Verde, mês de conscientização mundial para os cânceres de cabeça e pescoço, também foi anunciada a criação do Ambulatório de Reabilitação Vocal, que irá integrar o Serviço de Fonoaudiologia, com equipe multidisciplinar, para atender, de forma especializada, aos pacientes em reabilitação vocal encaminhados pelo Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HAC.
O hospital fará os dois tipos de cirurgias. Tanto de instalação primária – quando a prótese é colocada no momento da retirada da laringe; quanto de instalação secundária – com a implantação da prótese em paciente com a laringe removida há mais tempo. Ambas são operações rápidas e duram aproximadamente dez minutos.
A triagem dos primeiros pacientes que farão os procedimentos cirúrgicos será realizada entre as 15 pessoas (13 homens e duas mulheres) que receberam laringes eletrônicas em julho do ano passado e levará em conta a reincidência ou não do câncer de laringe, entre outros fatores clínicos que determinam o momento adequado para o implante.
Após esse primeiro momento, os demais pacientes serão avaliados e encaminhados, de forma contínua, para a reabilitação vocal.
Inédito
Referência estadual em Oncologia e integrante do Complexo Hospitalar de Especialidades (CHE) da Fhemig, o HAC consolida o seu protagonismo no campo da oncologia no setor público ao ser o primeiro hospital do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado a oferecer, de forma permanente, as cirurgias para a colocação do dispositivo.
A diretora do CHE e fisioterapeuta, Cláudia Fernanda de Andrade, avalia que, com o fornecimento das próteses, o HAC avança ainda mais na atenção integral ao paciente oncológico.
“O HAC reafirma a sua missão. A prótese de voz é um divisor de águas na assistência que ofertamos e destaca o compromisso do Hospital Alberto Cavalcanti no atendimento integral aos seus pacientes”, destaca.
Para a presidente da Fhemig, Renata Leles Dias, a busca pela inovação constante dos profissionais da saúde tem o poder de ampliar a qualidade dos serviços, com resultados efetivos para os usuários do SUS.
“É muito gratificante proporcionar essa reabilitação da fala, que muda a realidade e a qualidade de vida dos pacientes. Essa conquista é resultado do trabalho de toda a equipe multiprofissional, com humanização e eficiência. A Fhemig está cumprindo sua missão e buscando sempre inovar e qualificar ainda mais a assistência aos mineiros”, pontua.
Modernas
Próteses fonatórias são o que há de mais moderno em reabilitação vocal e fazem com que a voz fique parecida com a humana, tanto em volume quanto em intensidade. São um tipo de válvula que permite a passagem do ar da abertura no pescoço (traqueostomia) à boca, provocando vibração e produção de som semelhante ao das cordas vocais.
As laringes eletrônicas são aparelhos semelhantes a lanternas que, ao serem encostadas no pescoço, produzem uma voz sintética, parecida com a de um robô. Elas podem ser utilizadas de forma imediata, sem a necessidade de cirurgia.
Como esclarece a fonoaudióloga da equipe multiprofissional do HAC Silmara Melgaço, “é muito importante que os pacientes façam uma reabilitação de forma adequada para que a sua qualidade de vida seja melhorada. As próteses de voz são o padrão ouro de tratamento. É muito importante que além da assistência oncológica, esses pacientes sejam acompanhados e reabilitados pela equipe de fonoaudiologia”.
Reinserção
Tanto as próteses quanto as laringes são mecanismos que permitem aos pacientes recuperarem a capacidade de falar, com grande impacto para a sua reinserção social.
“Muitos pacientes têm dificuldades com a comunicação escrita. A reabilitação vocal proporciona a reinserção desses pacientes no convívio social e no mercado de trabalho”, destaca o cirurgião e coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HAC, Guilherme de Souza Silva.
Troca periódica
As próteses necessitam ser trocadas de forma periódica devido ao desgaste natural a que estão sujeitas pelo uso. Além disso, o tempo médio para a troca vai depender de fatores como a estrutura orgânica do paciente e dos cuidados que ele tem com o dispositivo.
O momento ideal para as substituições será definido pela equipe do Ambulatório de Reabilitação Vocal, com base no acompanhamento desses pacientes. Para as trocas não são necessárias novas cirurgias, pois os procedimentos são realizados em regime ambulatorial.
“O esforço para a disponibilização das próteses fonatórias foi fruto do trabalho e da dedicação de diversos profissionais do HAC, tanto da assistência quanto da diretoria, e foi, inicialmente, idealizado pela equipe do Serviço de Fonoaudiologia”, pontua Guilherme de Souza Silva.