Seg 29 abril 2024 17:40 atualizado em Seg 29 abril 2024 17:51
Governo de Minas e Instituições de Justiça anunciam conclusão de obra da Biofábrica Método Wolbachia, em Belo Horizonte
Com investimento de mais de R$ 77 milhões, projeto vai viabilizar a utilização de tecnologia inovadora e autossustentável, que reduz a transmissão de doenças causadas pelo Aedes
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[RÁDIO] Governo de Minas e Instituições de Justiça anunciam conclusão de obra da Biofábrica Método Wolbachia, em Belo Horizonte
Governo de Minas e Instituições de Justiça anunciam conclusão de obra da Biofábrica Método Wolbachia, em Belo Horizonte
Gil Leonardi / Imprensa MG
O Governo de Minas, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) participaram, nesta segunda-feira (29/4), da solenidade de conclusão da obra da Biofábrica Método Wolbachia, em Belo Horizonte. Também marcaram presença representantes do Ministério da Saúde e do World Mosquito Program (WMP) Brasil/Fiocruz e da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum). A Biofábrica será de propriedade do Estado de Minas Gerais, sob gestão da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). “Estou extremamente realizado com a inauguração da obra nesta unidade. A fábrica terá uma capacidade de produzir 60 milhões de mosquitos por mês e tenho certeza de que, com o tempo, vamos ter números muito melhores com a dengue”, disse o governador Romeu Zema, em relação ao método que consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para a população (ou seja, mosquitos que não transmitem as doenças). “Essa fábrica vai revolucionar o futuro de Minas Gerais. Na medida que essa população do mosquito com Wolbachia crescer, os números da dengue vão cair ao longo dos anos, evitando assim a sobrecarga do sistema de saúde e sofrimento de muitas pessoas. Para mim, é uma satisfação ver que a saúde de Minas está caminhando na direção correta”, completou. A execução é uma obrigação de fazer da Vale S.A. e foi realizada como parte do Acordo Judicial – assinado pelos compromitentes Governo de Minas, MPMG, Ministério Público Federal (MPF) e DPMG e a compromissária Vale S.A. – que visa reparar os danos decorrentes do rompimento das barragens da mineradora, em Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019. A tragédia tirou a vida de 272 pessoas e gerou uma série de impactos sociais, econômicos e ambientais. “Toda essa conquista se dá, graças ao trabalho de toda a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), pela liderança da secretária Luísa Barreto. Desde o dia 25 de janeiro de 2019, quando nós tivemos a tragédia de Brumadinho, toda a equipe da secretária trabalhou muito para que nós pudéssemos estar aqui nesse momento”, reiterou o governador. A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, reafirmou o compromisso de sempre lutar pelos termos de reparação da tragédia de Brumadinho.
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“O nosso compromisso, como Governo de Minas, não é de reparar a dor de quem perdeu um ente querido na tragédia de Brumadinho, essa é irreparável, mas é de buscar dentro das nossas ações, trazer todos os dias legados importantes para o estado de Minas Gerais a partir desse termo de reparação. O legado que fica aqui, hoje, é um dos mais importantes, é um legado que vai permitir salvar outras tantas vidas, disse. As obras foram iniciadas em fevereiro de 2023, em um terreno de 4 mil metros quadrados, no bairro Gameleira. As instalações contam com laboratórios e com espaços destinados ao setor administrativo, e ocupam uma área construída de mais de 1,1 mil metros quadrados.
“Essa fábrica é moderna e tem uma capacidade produtiva muito grande. Vamos trabalhar muito para que possamos ser referência no Brasil inteiro. Nós estamos transformando um desastre, em vida. Isso demonstra o quanto estamos empenhado em buscar a prevenção, promoção em saúde e mãos qualidade de vida”, salienta o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.
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Representando a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), Edi Aparecida Tavares Pinto, contou que essas ações para a saúde da população, dão um alento para as famílias que perderam entes queridos na tragédia. “Temos a consciência de que esse recurso da reparação contempla de modo significativo a população. Estamos cientes do legado deixado por nossas joias, e isso nos traz um pouco de alento. Sendo assim, utilizar dinheiro para investir na saúde preventiva, física e mental das pessoas, propiciar ações sociais que contribuam para a qualidade de vida, gerar emprego e renda e outras ações pertinentes, são maneiras de buscar a ressignificação da vida de muitos que foram. Agradecemos ao governador Romeu Zema e a todo o Governo de Minas, pela continuidade das buscas das outras joias”, relatou. Início da operação O projeto da Biofábrica está sendo executado em duas etapas, totalizando investimento de mais de R$ 77 milhões:
Além da construção do prédio, a Vale S.A equipou e mobiliou a unidade – estas etapas contam com a auditoria socioeconômica da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A mineradora também vai custear as operações por cinco anos.
Após a conclusão das obras, serão finalizadas também as tratativas de obtenção das licenças obrigatórias para funcionamento e a revisão de contratos com a Fiocruz, responsável por conduzir no Brasil a execução de projetos que utilizam o Método Wolbachia, patenteado pelo WMP. A previsão é a de que a operação seja iniciada até janeiro de 2025.
A estimativa é que a produção semanal da Biofábrica, depois do início das atividades, seja de dois milhões de mosquitos. Uma vez inseridos no meio ambiente, eles vão se reproduzir com os Aedes aegypti locais e estabelecer uma população com Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam e, assim, contribuir para a redução da transmissão de arboviroses.
Conforme o termo de compromisso firmado entre as partes, na primeira fase do projeto, os mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia serão soltos, com a anuência da população, em Brumadinho e em outros 21 municípios vinculados à Bacia do Rio Paraopeba. A expectativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) é que, posteriormente, ocorra a expansão da produção de mosquitos para todo território estadual.
Cabe destacar que esses insetos não são geneticamente modificados e não transmitem doenças. O WMP é uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos.
Como funciona?
O método consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os insetos locais, estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Os Wolbitos, como são chamados, não são transgênicos e não transmitem doenças.
A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não está presente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, ela impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças.
Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam o microrganismo aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.