DownloadDivulgação/Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo alerta para os riscos aumentados de desenvolvimento e agravamento de doenças relacionadas a queimadas no estado. O período com o maior número de focos de fogo nos campos, florestas e plantações coincide com o tempo frio e seco, provocando a piora dos quadros em casos de bronquite, enfisema, asma e o agravamento dos casos de conjuntivite. De janeiro a março de 2023, houve mais de 13 mil internações por doenças respiratórias potencialmente pioradas pela inalação de fumaça.
A Dra. Lúcia Ande, pneumologista do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Jardim dos Prados, afirma que “a fumaça proveniente da queimada contém alguns elementos tóxicos que podem ser nocivos. As partículas podem chegar ao sistema respiratório e causar uma alteração no quadro de pacientes que já tem uma patologia respiratória, como as pessoas asmáticas, mas elas também podem causar pneumonia e problemas cardiovasculares. Essas partículas também podem desencadear tosse seca, falta de ar, ardência na garganta, irritação dos olhos e rouquidão em pessoas saudáveis”.
O total de internações por doenças respiratórias que podem ser agravadas pela exposição à fumaça no estado passou de 43.539 em 2021 para 58.493 em 2022. Os atendimentos ambulatoriais ligados a essas doenças também cresceram. Em 2021, foram registrados 92.815 atendimentos e, em 2022, foram 148.375, representando um crescimento de 59,8%. Os casos de conjuntivite no estado também aumentaram nesse período, de 58.748 para 147.626, um aumento de 151%.
Em 2022, o total de internações por doenças respiratórias cresceu 34,3% em relação a 2021. Internações por asma cresceram 34,4%, de 11.551 casos em 2021 para 15.533, e os atendimentos ambulatoriais subiram 99,5%, de 8.115 casos para 16.197. As internações por bronquiolite cresceram 39%, de 16.357 para 21.593, e os atendimentos, 48,3%, de 40.974 para 60.804. Casos de bronquite foram responsáveis por 847 internações em 2021 e por 1.435 no ano seguinte, um aumento de 69,4%.
Época de queimada
Os meses de junho a outubro são os que apresentam o maior número de queimadas, prática que visa a remoção de vegetação ou preparação do solo para a agricultura e pecuária. Esse período também concentra os casos de intoxicação por inalação de produtos químicos, gases, fumaça e vapores. Entre atendimentos ambulatoriais e internações, neste período em 2021, foram 114 procedimentos de um total de 202 no ano. No mesmo período em 2022, foram 123 procedimentos de um total de 253, um aumento de 7,8% para o período e de 25,2% no total.
De acordo com a Dra. Ande, para as pessoas que moram próximas de onde ocorre a queimada, é recomendado evitar contato com a área, aumentar a hidratação, fechar as casas para evitar que a fumaça entre, manter alimentação adequada, usar vaporizadores, bacias de água e toalhas molhadas no ambiente. O uso de máscara também é uma opção para os dias em que o ar estiver muito carregado. Devem procurar um médico especialista sempre que houver sintomas persistentes de tosse, falta de ar ou agravamento da patologia respiratória pré-existente. A névoa provocada pelo fogo não afeta apenas as pessoas próximas da região em que está acontecendo o incêndio, afinal ela pode viajar por milhares de quilômetros, atingindo pessoas que estão muito longe de onde ele está ocorrendo.