São estarrecedores, para dizer o mínimo, os detalhes da reunião que definiu o novo presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e a forma com que os prefeitos Orlando Morando (PSDB), de São Bernardo, e José Auricchio Júnior (PSDB), trataram colegas que também comandam cidades da região, assim como eles, como mostra reportagem desta edição do Diário.
Os dois tucanos foram os principais defensores da candidatura do petista José de Filippi Júnior, prefeito de Diadema, para dirigir a entidade regional no ano que vem. Mas, com o recuo do diademense em aceitar colocar seu nome para a disputa, Orlando e Auricchio foram para cima do também petista Marcelo Oliveira, de Mauá, que lançou seu nome, de forma legítima, e que entendeu que o município que dirige deveria voltar a dirigir o Consórcio após hiato de 20 anos.
Em tom arrogante, Orlando disse diretamente a Marcelo, na frente dos demais prefeitos e sem o menor constrangimento, que Marcelo não poderia comandar o Consórcio porque “estava mal na cidade (Mauá) e que não tinha experiência suficiente para isso”. É evidente que Filippi, em seu quarto mandato, tem mais experiência, até mesmo que o prefeito de São Bernardo. Mas é fato que não há no regimento interno nenhum impedimento para que prefeitos de primeiro mandato, como é o caso de Marcelo, possam pleitear o comando da entidade. No caso do Consórcio, o voto de cada um dos prefeitos tem rigorosamente o mesmo peso. Com a vitória de Marcelo, abandonaram o órgão.
Com isso, os dois tucanos desrespeitaram acordo feito em novembro entre os sete que, em caso de vitória de Lula, um prefeito do PT seria conduzido à presidência. Não há nada mais importante na política do que cumprimento de acordos. Há uma forte liderança política do Estado que sempre diz que “palavra dada é flecha lançada”. E é exatamente isso. Ignorar um compromisso assumido e depois mudar a narrativa para poder adequar suas versões aos fatos não é postura de um líder. E tentar diminuir os seus pares, menos ainda.