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Chineses contrários à política de 'covid zero' clamam por renúncia de Xi Jinping – 27/11/2022 | Diário do Grande ABC

Manifestantes chineses contrariados com as rígidas medidas da política “covid zero” pediram neste domingo, 27, a renúncia do presidente da China, Xi Jinping. Desde sábado, 26, autoridades de pelo menos oito cidades lutam para suprimir as manifestações contra o Partido Comunista. Os atos estão sendo considerados a demonstração de oposição mais difundida em décadas contra o partido governista.

“Todo mundo pensa que os chineses têm medo de sair e protestar, que não têm coragem”, disse um manifestante, em condição de anonimato, acrescentando que foi sua primeira manifestação. “Na verdade, no meu coração, eu também pensava assim. Mas aí quando eu fui lá, descobri que o ambiente era tal que todo mundo estava muito valente”. Os manifestantes preferem não se identificar por medo de sofrer represálias.

Em Pequim, um grupo de cerca de 200 pessoas se reuniu num parque no lado leste da capital e ergueu folhas de papel em branco, como símbolo de desafio contra a censura generalizada do partido governista. “A política de bloqueio é tão rígida”, disse um manifestante, identificado por Li.

 
 
   

Usando spray de pimenta, a polícia afastou manifestantes em Xangai que pediam a saída de Jinping e o fim do regime de partido único, mas horas depois as pessoas se reuniram novamente no local. A polícia mais uma vez interrompeu a manifestação, e um repórter viu manifestantes presos sendo levados em um ônibus.

Em um vídeo do protesto em Xangai verificado pela Associated Press, cantos contra Jinping, o líder mais poderoso desde pelo menos a década de 1980, e o Partido Comunista Chinês soaram altos e claros: “Xi Jinping! Desça! PCC! Baixa!”.

Três anos após o surgimento do novo coronavírus, a China é o único país que ainda tenta impedir com muito rigor a transmissão da covid-19. A sua estratégia “covid zero” suspendeu o acesso aos bairros por semanas a fio. Algumas cidades realizam testes diários de vírus em milhões.

Isso manteve os números de infecção da China mais baixos do que os Estados Unidos e outros países, mas a aceitação do público diminuiu. Mas as pessoas em quarentena em casa relatam que falta comida e remédios.

Estopim

O partido governista enfrentou a ira do público após a morte de duas crianças cujos pais disseram que o controle do antivírus dificultou os esforços para obter ajuda médica.

Os protestos atuais eclodiram depois que um incêndio na quinta-feira passada matou pelo menos dez pessoas em um prédio de apartamentos na cidade de Urumqi, no noroeste, onde alguns estão trancados em suas casas há quatro meses. Isso gerou uma enxurrada de perguntas raivosas online sobre se os bombeiros ou as pessoas que tentavam escapar estavam bloqueadas por portas trancadas ou outras restrições.

A atmosfera do protesto encorajou as pessoas a falar sobre tópicos considerados tabus, incluindo a repressão de 1989 aos protestos pró-democracia da Praça da Paz Celestial, disse o manifestante que pediu anonimato. Alguns pediram desculpas oficiais pelas mortes no incêndio em Urumqi, na região de Xinjiang.

Um membro do grupo étnico Uyghur de Xinjiang, que tem sido alvo de uma operação de segurança que inclui detenções em massa, compartilhou suas experiências de discriminação e violência policial. Fonte: Associated Press.