Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um em cada cinco jovens brasileiros, entre 18 e 24 anos, fuma cigarro eletrônico. O dispositivo não tem certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sua venda é proibida no Brasil desde 2009.
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Vários são os fatores para que a adesão dos jovens ao cigarro eletrônico seja crescente. “Questões sociais como fatores estéticos – designer dos dispositivos –, apelo infantilizado dos múltiplos aromas disponíveis e os altíssimos e viciantes níveis de nicotina são alguns deles”, explica Janaina Pereira Dina Toreli, professora do curso de pós-graduação em Fisioterapia Cardiorrespiratória da Faculdade Santa Marcelina.
“Além disso, ele contém Tetra-Hidrocarbinol (THC), princípio ativo da Canabis, caracterizando um novo modo de uso da maconha”, completa. A seguir, a especialista fala dos perigos para quem utiliza o dispositivo eletrônico.
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Quais são os perigos de quem usa esse dispositivo eletrônico?
A composição química dos líquidos para cigarros eletrônicos é muito mal esclarecida em seus rótulos e extremamente diversificada em quantitativo e número de elementos químicos, podendo conter em sua composição metais pesados, cafeína, glicerina, propileno glicol, formaldeino, nitrosaminas, acetato de vitamina E, tetra-hidrocarbinol, ácido benzoico e nicotina.
Estes elementos químicos desencadeiam reação inflamatória, podendo ser extremamente grave. Conhecida como EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury) a lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico é hoje uma nova e preocupante doença.
O quadro de inflamação aguda grave tem levado a busca por ajuda médica e internações de usuários de cigarros eletrônicos, podendo determinar a morte diante da grave inflamação até quadros de doença crônica devido a destruição do tecido pulmonar e fibrose pulmonar.
Quantos cigarros normais correspondem ao uso do cigarro eletrônico?
Cigarros regularmente reconhecidos e liberados pela ANVISA possuem em torno de 1 mg a 2 mg de nicotina por unidade, desta forma um maço terá 40 mg de nicotina.
Em contrapartida os cigarros eletrônicos além de não disponibilizarem claras informações sobre sua composição química variam absurdamente no quantitativo de nicotina disponível, sendo encontrados no mercado dispositivos com até 85 mg/dl.
O cigarro eletrônico também causa dependência?
Além da absurda oferta de nicotina dos cigarros eletrônicos, indústrias produtoras de líquidos para cigarros eletrônicos associaram ao sal de nicotina ácido benzoico e adequaram o pH dos líquidos para cigarros eletrônicos.
Esta modificação molecular aumenta a absorção de nicotina pelos tecidos o que determina os efeitos de dependência mais precocemente. Considerando os líquidos para cigarros eletrônicos que contém Tetra-Hidrocarbinol (THC) devemos considerar os efeitos de dependência deste também.
Quais os problemas que os usuários podem desenvolver?
O uso de cigarro eletrônico pode determinar o desenvolvimento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Câncer de pulmão, EVALI (síndrome respiratória aguda causada pelo uso de cigarro eletrônico), exacerbações de asma, embolia pulmonar, dentre outras doenças.
O que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS)?
Segundo a Organização Mundial da Saúde o uso de cigarros eletrônicos representa uma ameaça, pois aumentam a exposição das pessoas à nicotina e a um grande número de substâncias tóxicas.
Como abandonar o vício?
Para abandonar o vício do cigarro, o tratamento com uma equipe multidisciplinar com o uso de medicações e acompanhamento emocional, são alternativas eficazes.