A atriz Claudia Jimenez morreu no início da manhã deste sábado (20), no Rio, aos 63 anos.
A intérprete de Dona Cacilda, da “Escolinha do Professor Raimundo”, e de Edileuza, de “Sai de Baixo”, estava internada no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul.
Claudia Jimenez estava alegre dentro e fora da TV. A risada dissoluta foi a marca registrada da atriz, que aos 63 anos foi vítima de complicações cardíacas e câncer no tórax.
Ela não era uma mulher vingativa, porém, quando foi demitida pelo elenco de “Sai de Baixo” no final da primeira temporada em 1996, nunca aceitou o tratamento que recebeu.
“Eu acho que eles têm todo o direito de me demitir. A sacanagem não foi a demissão, mas a maneira como as coisas foram feitas”, expôs na época ao ‘Jornal do Brasil’.
A personagem de Edileusa foi um sucesso, mas por trás dos encantos e bordões da empregada desta família imoderada de Arouche escondeu-se um artista descontente.
Sem papas na língua, a atriz passou a criticar a qualidade dos roteiros e reclamar dos apelidos pejorativos associados a uma figura gorda.
Insubordinada
Ignorada em sua afirmação, a humorista passou a colocar ‘estilhaços’ nas falas de Edileusa para provocar o chefe dos roteiristas, Claudio Paiva.
A atmosfera nos bastidores estava piorando. O diretor Daniel Filho se irritou com a atitude da famosa. “Meu grande erro foi tentar modificar as coisas com as quais eu não concordava”, admitiu Claudia ao ‘JB’. “Eu realmente fui insubordinada algumas vezes”.
Apesar de ter sido tirada de Sai de Baixo, ela continuou trabalhando na Globo, onde participou de outras atrações humorísticas e fez novelas.
Em 2018, foi convidada para filmar ‘Sai de Baixo – O Filme’. O elenco estava incompleto depois da morte por câncer de Marcia Cabrita, a empregada Neide.
Câncer e operações no coração
Em 1986, Claudia foi ao médico para curar uma tosse persistente e descobriu que tinha câncer, um tumor maligno no mediastino, atrás do coração. Chegou a ser desenganada. O diagnóstico não se cumpriu, e a atriz curou-se da doença.
As sessões de radioterapia, porém, lhe causaram outro problema de saúde. Os médicos acreditam que o tratamento pode ter afetado os tecidos do coração, o que a obrigou a fazer pelo menos três cirurgias nos anos seguintes.
A primeira foi em 1999, para botar cinco pontes de safena; a segunda, em 2012, para a substituição da válvula aórtica por uma outra, sintética; e a terceira, em 2014, para botar um marca-passo.
“Quando eu falo para o meu médico: ‘Ô, radioterapia desgraçada!’. Aí ele fala: ‘Mas se não fosse ela, você já estava há muito tempo lá em cima, né?’. E é verdade, quer dizer, a gente tem sempre que agradecer em vez de reclamar”, disse Claudia, em entrevista ao “Fantástico” em 2014, meses depois da operação.
“Maturidade faz você ficar mais bacana. Às vezes, eu percebo que, internamente, não estou legal eu vou em busca de alguma coisa que me faça ficar legal. Tem gente que fala assim para mim: ‘Ai, como você é frágil’. Eu falo: ‘Frágil? Eu sou a pessoa mais forte que eu conheço’. Chegam perto de mim e falam: ‘Vamos trocar válvula aórtica’. Eu falo: ‘Ok, vamos’. ‘Vamos fazer cinco pontes de safena’. ‘Ok, vamos’. ‘Botar o marca-passo’. ‘Ok’. Eu faço qualquer coisa para ficar aqui”, afirmou.
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