NOTÍCIAS

ameaça, candidatura de facção e o que não foi dito sobre a investigação

Ontem a Polícia Federal e o Gaeco cumpriram vários mandados de busca e um de prisão expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Paraíba, na segunda fase da Operação ‘En Passant’, em Cabedelo. A investigação, como já trouxe o Blog em primeira mão, tem como alvos pessoas ligadas a uma facção que atua no tráfico de drogas na região metropolitana e, também, o atual prefeito do município, Vitor Hugo (Avante), e o prefeito eleito, André Coutinho (Avante).

Os dois políticos, Vitor Hugo e André Coutinho, negam de forma veemente o envolvimento nas práticas investigadas e afirmam que estão à disposição da PF e do Judiciário para colaborar com as apurações.

 
 
   

Mas, para além disso, o que mais pode ser observado sobre o caso? Que situações motivaram o início das investitações da PF e do Gaeco na cidade?

Algumas considerações podem ser feitas.

A primeira delas é que o cenário de Cabedelo, há muito tempo, tem desafiado a Segurança Pública do Estado. Assassinatos motivados pelo tráfico, pichações no muro do fórum eleitoral e a ‘guerra’ entre facções por território já são relatos conhecidos. Eles resultaram, inclusive, no pedido de tropas federais para as eleições deste ano.

Há também outros elementos que estão na mira dos investigadores.

Em uma representação feita pela PF, ainda na primeira fase da apuração, consta o relato de um vereador da cidade que foi ameaçado pelo grupo que seria liderado pelo traficante Flávio de Lima Monteiro – conhecido por ‘Fatoka’.

O parlamentar, cujo nome será preservado pelo Blog por ser vítima, teria se negado a nomear pessoas indicadas pelo traficante para o seu gabinete na Câmara.

Tempos depois, conforme a PF, essas pessoas foram nomeadas na prefeitura. Como consequência da recusa a facção teria feito ameaças e até destruído a casa de familiares do parlamentar. Pessoas que teriam sido ameaçadas chegaram a deixar a cidade, por conta da ação do grupo.

Na investigação a PF ainda apura se ‘Fatoka’ teria tentado articular uma candidatura, para representar o grupo, no Legislativo municipal. E também nomeações indicadas por ele na gestão atual de Cabedelo, assim como a contratação de pessoas ligadas ao grupo em uma empresa que presta serviços à prefeitura.

Uma das contratadas investigadas é a servidora Flávia Monteiro. Para a PF e o Gaeco ela seria uma espécie de elo entre a facção e o poder público. Flávia foi presa ontem e teve a prisão mantida em audiência de custódia.

O ‘modelo’ investigado em Cabedelo, em linhas gerais, é semelhante ao que teria sido encontrado no âmbito das operações Território Livre e Mandare, em João Pessoa. No fim das contas são grupos organizados há muito tempo, que atuam no tráfico, que perceberam ser lucratrivo interferir, também, na política e nas eleições – através do uso da força e de ameaças.

Um roteiro que coloca em risco, completamente, a própria democracia.