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Lula faz discurso para militância, mas acena para harmonia com Congresso

30.08.2024 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia no Teatro Pedra do Reino, para anúncios de investimentos do Governo Federal em recursos hídricos, habitação e educação na Paraíba, no Centro de Convenções de João Pessoa. João Pessoa – PB. Foto: Ricardo Stuckert / PR. Ricardo Stuckert / PR;RICARDO STUCKERT

A agenda do presidente Lula (PT) hoje na Paraíba teve foco administrativo. O petista entregou o lote 2 do Canal Acauã-Araçagi e participou de uma solenidade para anunciar investimentos no Estado na educação e moradia. Em entrevista, chegou a dizer que não estará engajado nas campanhas de aliados este ano – pelo menos em João Pessoa.

Mas no discurso feito no Centro de Convenções, o presidente ultrapassou essa demarcação.

 
 
   

Repetiu uma narrativa que historicamente empolga os seus apoiadores, aliando críticas ao “mercado” e às “elites” com a invocação de suas raízes no Nordeste. Lula relembrou os tempos difíceis da infância ao lado dos irmãos, ao realçar a importância da obra hídrica inaugurada horas antes – com investimentos de R$ 715 milhões.

O petista também direcionou parte do discurso para as mulheres. Alertou para o machismo e reforçou a tese de que os investimentos em educação podem tornar mulheres mais independentes.

Lula arrancou aplausos da plateia, composta em sua maioria por simpatizantes do lulismo. E digo maioria porque ali estavam também alguns caciques do Centrão paraibano, de partidos como Republicanos, Progressistas e União Brasil. Esses possuem pouca – ou quase nenhuma – aderência à pauta da esquerda.

Mas esse núcleo não passou ileso dos acenos do presidente.

Diante de três senadores e 7 deputados federais Lula elogiou o Congresso e destacou a necessidade de manter a governabilidade e o diálogo com diferentes setores.

“Não tenho preconceito. Não tenho vetos partidários. Não tenho vetos ideológicos. Tenho compromisso de governar esse país”, assinalou o presidente.

O tom adotado amplia os horizontes para a participação do presidente na campanha eleitoral de 2026. Ele tem afirmado que só pensará nisso mais à frente, mas não perde a oportunidade de calibrar o timbre do discurso. De quebra, ele agradou a militância e não esqueceu de quem dá sustentação ao seu mandato em Brasília.