O valor arqueológico, paleontológico, histórico e cultural do Parque Estadual Cerca Grande, no distrito de Mocambeiro, em Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ganha cada vez mais impulsionamento por meio de ações educativas e mobilização social no projeto “Uma viagem à pré-história”.
Na última sexta-feira (30/8), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) realizou mais uma etapa do programa, possibilitando que professores, alunos e pais conheçam e valorizem a história do sítio arqueológico, inserido em uma das mais expressivas regiões cársticas do Brasil, considerada “o berço” da espeleologia, arqueologia e paleontologia brasileira.
Desenvolvido desde 2017, com alunos da 5ª série, as atividades se iniciam no mês de março e terminam em novembro. Neste ano, a parceria é com a Escola Estadual Felícia Fernandes Campos, que também fica no distrito de Mocambeiro, bem próximo à sede do parque.
A gerente do parque, Mariângela Fátima de Araújo, explica que o foco principal desta atividade de campo é levar o conhecimento de forma lúdica e reforçar o conteúdo, já iniciado nas palestras na escola e visitas ao Centro de Visitantes da unidade.
“Além das informações sobre as descobertas arqueológicas e paleontológicas nos sítios, o estudante tem a oportunidade de conhecer os costumes destes caçadores-coletores da nossa pré-história, como a alimentação por meio da caça e frutas nativas da região, os objetos que faziam para caçar e cozinhar e a forma de expressão através das pinturas rupestres”, detalha Mariângela Araújo.
“A dinâmica é muito interessante, porque não traz apenas informações, é um momento de reflexão e visualização do espaço natural”, explica a gerente do parque.
Atividades
Este ano, o projeto contou com o apoio técnico do arqueólogo e analista ambiental do IEF, Leandro Vieira da Silva, que detalha como foi o andamento das atividades na última sexta-feira. “Utilizando um globo, expliquei para as crianças a chegada dos seres humanos nas Américas”.
“Levei frutas nativas e exóticas para explicar que o meio ambiente daquela época era muito diferente e que muitas das frutas que comemos foram os portugueses que trouxeram para o Brasil. Depois disso, visitamos cada sítio arqueológico do circuito e explicamos para eles até chegar no Rochedo dos Índios, que é o sítio arqueológico com o maior painel de pinturas rupestres”, conta Leandro.
A atividade terá continuidade no dia 27/9, quando será explicado às crianças como se deu a mudança das pinturas rupestres para o surgimento da escrita, conforme pode ser conferido na cartilha do projeto.
O parque
Pertencente à Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa e à Rota das Grutas, o Parque Estadual Cerca Grande é um sítio arqueológico protegido desde o ano de 1962 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e, desde 2010, administrado pelo IEF.