A Bola de Ouro conquistada por Rodri nessa segunda-feira (28) seguramente é um golpe na credibilidade da mais tradicional premiação do futebol. Não que o volante do Manchester City não tenha cardápio para ser merecedor – foi tetracampeão da Premier League e campeão da Euro, mas definitivamente não foi (muito menos é) o melhor do mundo.
Rodri esteve longe de ser (tão) decisivo quanto Vinícius Júnior. Ou até mesmo Bellingham, o meia que conquistou os mesmos títulos de Vini Jr. com o Real Madrid e ainda levou a Inglaterra à final da própria Euro.
Bola de Ouro: Rodri, do Manchester City, desbanca Vini Jr. e fatura o prêmio em 2024
Se for para premiar o ícone do time campeão da principal competição do calendário, não precisaria ser votado. Até porque, depois da Euro, ficou claro que Yamal Lamine jogou mais que Rodri. Assim como se a Argentina ganhar a Copa do Mundo, o Bola de Ouro será Messi; se for o Brasil, será Neymar; se for Portugal, será Cristiano Ronaldo; se for a França, Mbappé será o escolhido. Pouco importa se alguém, seja do próprio time ou não, tenha jogado mais.
Fiquemos no exemplo do Brasil campeão. Raphinha, Richarlison ou Vini podem ter comido a bola… Mas se Neymar esteve em campo em todos os jogos, certamente será dele a premiação. Simplesmente porque encarna o dono do time. É o Brasil de Neymar, e ponto final.
É claro que, tradicionalmente, a France Football adora dar a premiação a um europeu. Quando não o faz, é porque não tem argumentos para justificar o contrário. Isso aconteceu nos incontestáveis anos que Messi ganhou com todo o merecimento. Deixar com Rodri é manter o “critério” que eles mais gostam.
Vini não brilhou com a seleção. Não foi protagonista na Copa América. Isso abalou o prestígio, mas jamais o suficiente para tirá-lo a Bola de Ouro. Mesmo que ele não esteja no mesmo nível que outros vencedores, como os já citados Messi e/ou Cristiano Ronaldo. Isso, no entanto, pouco importa se realmente foi ele o melhor da temporada europeia.
Ao saber que Vini Júnior havia sido preterido da premiação desta segunda-feira, e tentando entender os critérios para tal aberração, o Real Madrid chegou a sugerir Carvajal para ser o eleito. Ganhou os mesmos títulos com o clube e foi tão campeão da Euro quanto Rodri. Tem alguma razão, não?
Ademais, a premiação hoje tem um quê comercial. Se for eleito um dia para a Bola de Ouro, Endrick vai render uma bolada de US$ 2 milhões para o Palmeiras. Está em contrato. Há quem vá se dar muito bem com a escolha deste ou daquele. E isso fere o princípio da isonomia. Afinal, futebol (também) é dinheiro.
Para terminar, não há como negar que a escolha de Vini incomodaria muita gente. Um jogador preto, politizado e que defende uma causa, quase sempre é rejeitado pelo mundo. Os próprios companheiros de Real muitas vezes silenciam ou invés de abraçar a luta contra o preconceito racial.
A Bola de Ouro e o The Best, da Fifa, podem estar com os dias contados. Pelo menos na forma atual (veja abaixo). Porque ninguém aguenta mais tanta subjetividade, embora a essência do futebol seja, sim, subjetiva. O fato é que não há critérios definidos para anos de grandes competições. Seria melhor logo dizer que o vencedor vai ser o “dono” da seleção campeã – seja da Euro ou da Copa do Mundo.
N.R Como se chega ao vencedor da Bola de Ouro: O júri é composto de 100 jornalistas de países diferentes, representando as cem seleções melhores colocadas no ranking da Fifa. Cada jurado precisa selecionar 10 de 30 jogadores indicados e colocá-los em ordem de acordo com o que julgam sobre seus desempenhos. O primeiro colocado de cada eleitor ganha 15 pontos, e os seguintes 12, 10, 8, 7, 5, 4, 3, 2 e 1, respectivamente. O atleta que tiver a maior pontuação na soma dos votos de todo o júri leva a Bola de Ouro.
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